segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Entrevista do Button ao Tazio

Campeão Mundial, milionário, boa pinta e namorando uma modelo, Jenson Button tem o perfil perfeito para ostentar alguma dose de arrogância. Mas não há o menor traço disso.

Pelo contrário: O Tazio ouviu o inglês de 30 anos e ele esbanjou simplicidade, diz ser um privilegiado por fazer o que ama e se diverte em ver sua fama superada no Japão pela namorada Jessica Michibata, uma modelo famosa do país.

Button riu muito durante a conversa, da mesma maneira que se diverte nos aeroportos do planeta com pessoas que o confundem com Chris Martin, cantor da banda Coldplay. "Sempre dizem que eles tem todos os meus CDs", contou.

Depois de cumprir o sonho de ser campeão mundial, o piloto brinca que está ficando velho, mas fala sério ao afirmar que não ficará tanto tempo na F-1 quanto o ex-companheiro de equipe e amigo Rubens Barrichello. E afirma adorar novos desafios, o que explica sua mudança para a equipe McLaren no ano seguinte ao que conquistou o título. Confira a conversa na íntegra:

Os pilotos são famosos, mas aqui no Japão você acaba meio ofuscado pela "Jessicamania". O que acha disso?
Acho divertidíssimo. Ela é muito reconhecida aqui. Basta a ir a uma loja com ela para ver. Gosto de ver o quanto ela trabalha aqui e o quanto faz bem o seu trabalho. Ela está muito feliz e isso é muito bom. E tem uma vantagem: quando chego no paddock, basta eu me abaixar atrás dela que entro aqui praticamente incógnito (risos)!

Mas você parece gostar muito do país.
Sim, eu adoro o Japão! Adoro Tóquio e até mesmo de Suzuka. Não é o lugar favorito das pessoas no país, mas eu gosto. Pode não haver os hotéis mais modernos ou muitos restaurantes, mas há uma torcida completamente apaixonada por corridas.

Sua temporada tem sido marcada por poucos erros e muita consistência. É esta sua receita para defender seu título?
Eu concordo que não errei nas corridas, mas errei algumas vezes na classificação. Foi por isso que larguei tão atrás algumas vezes. Para ser campeão, você precisa limitar ao máximo o número de erros cometidos. Tem também que ser veloz e andar na frente de forma consistente. Não dá para prever o que vai acontecer, mas é bom saber que estou pronto para a briga e farei de tudo para manter contato com o líder e ficar nessa briga até o final da temporada. Estamos num ano emocionante para a F-1. Sempre teremos palavras sendo trocadas pelos pilotos sobre quem vai estar bem e quem não vai estar. O negócio é se concentrar. Você sabe o que pode fazer e tem de esperar pelas oportunidades certas e ter um pouco de certa. É preciso esquecer toda a besteira que existe em volta. Já fui campeão e sei como a coisa funciona.

Você já tem quase o mesmo número de corridas disputas que Nigel Mansell e está em 14º na lista dos pilotos que mais correram na F-1. Você está ficando velho?
Sério? Então estou ficando mesmo velho. Acho incrível que só tenho 30 anos e já fiz tantas provas. No ano que vem devo completar 200 GPs uma prova antes de Silverstone... Talvez seria bom se não houvesse este GP da Coréia, aí eu poderia comemorar a marca em casa (risos). Mas é bom estar na F-1, o número de corridas é irrelevante. Acho que todos os pilotos dizem o mesmo. Se fala que quem esteve por cinco anos na F-1 se divertiu bem. Estou há onze, então é justo dizer que me diverti prá caramba!

Quais as vantagens de ser um piloto de F-1?
A gente pode pilotar um carro de F-1, algo que nem todo mundo pode fazer! Não vou mentir, sou um privilegiado de estar onde estou e poder fazer o que eu amo. Nem todo mundo tem essa sorte.

Você já parou para pensar o que vai fazer no dia em que parar de correr?
Não. E até assustador pensar nisso... Não sou do tipo que consegue ficar parado sem fazer nada, precisaria de algo para me ocupar. Talvez eu vá correr em outro lugar, fazer triatlon, empresariar outros pilotos... Eu realmente não tenho ideia. Ainda bem que é algo sobre o qual eu não preciso pensar agora.

Ser uma pessoa tão relaxada te ajuda a ficar tanto tempo num ambiente tenso como o paddock da F-1?
Sim, é tenso demais. Para mim, correr é fantástico, mas o resto é estressante. Pode parecer estranho afinal tudo o que fazemos é dar voltas num circuito. Mas você acaba como centro das atenções de muita gente e há milhões te assistindo no mundo tudo. Vem muita pressão de fora, de patrocinadores, da equipe... A F-1 é um lugar legal de se estar, mas não é nenhum passeio no parque. Dez, onze anos já é bastante tempo por aqui. Rubens (Barrichello) já está aqui a dezoito, mostrando o que é possível. Mas não acho que eu queira ficar tanto tempo aqui.

Sendo tranquilo assim, é difícil imaginar algo que te irrite.
Mas tem! Sou uma pessoa diferente na pista e em casa, onde fico muito mais relaxado. Sempre digo a amigos e familiares quem vem às pistas para não esperarem encontrar o mesmo cara de sempre. Aqui posso ser muito mais seco nas minhas respostas, meio rude. Fico unicamente concentrado em pilotar.

Em breve você vai correr no Brasil, onde foi campeão do mundo. Ficou alguma ligação especial?
Sim, foi um final de semana muito especial, carregado de emoção. No sábado as emoções foram negativas. Escolhemos os pneus errados e fiquei apenas em 14º no grid e meu companheiro na pole, o piloto da casa levando a torcida à loucura. Não foi fácil, são torcedores apaixonados e que apoiam muito seus compatriotas. Mas no dia seguinte deu tudo certo. Foi uma montanha-russa de emoções, uma grande maneira de ganhar um título. E, depois da corrida, os brasileiros aplaudiram muito, o que foi realmente legal. Claro que eles queriam ver o compatriota vencendo, mas entenderam e respeitaram que alguém alcançou algo especial. Foi um ótimo lugar para ser campeão.

Para encerrar, qual é a sua melhor qualidade?
Sou uma pessoa que fica entediada muito fácil, então sempre estou à procura de novos desafios.
Fonte: Tazio
Adorei a entrevista, Button é mesmo um gentlemam, e que engraçado eu pensei que era a única pessoa que o achava parecido com o Chris, que fofo.

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